quinta-feira, 9 de junho de 2011

Chuvas e agricultura elevam o PIB cearense

Superando timidamente a média nacional, o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará fechou o primeiro trimestre deste ano com 4,7% de expansão contra 4,2% do País. Dentre os setores, apenas a agropecuária apresentou um crescimento expressivo de 26% sobre uma base negativa no primeiro trimestre de 2010 (-1,6%). Os números foram divulgados ontem pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

A expectativa nacional é de fechar o ano com expansão de 4% do PIB. No Estado, a previsão inicial é de 4,5%.

O crescimento foi explicado principalmente pelo período chuvoso favorável à safra de grãos e a fruticultura. “Historicamente é uma atividade muito irregular que depende do desempenho climático”, destacou o diretor geral do Ipece, Flávio Ataliba.

O setor ainda é muito dependente das chuvas e pouco utiliza a irrigação. Cerca de 90% da safra de feijão provem da agricultura familiar, segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Flávio Saboya. O grão obteve uma expansão de 254,5% no trimestre. O milho se expandiu 493,5%.

O Governo do Estado atribui a expansão também a políticas públicas como o programa Hora de Plantar, que distribuiu 4,2 mil toneladas de sementes entre o final de 2010 e começo de 2011 com R$ 18 milhões de recursos por ano.

Além disso, o projeto São José, que pretende ampliar o abastecimento de água no Ceará, deverá receber US$ 300 milhões em financiamento do Banco Mundial para beneficiar 100 mil famílias cearenses. “Há várias políticas para melhorar a produtividade da agricultura familiar”, destacou o titular da secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Nelson Martins.

Contrariando a expansão da agropecuária, a indústria apresentou no primeiro trimestre uma desaceleração no crescimento, com 1,2% de expansão. O resultado foi decorrente de vários fatores.

A base de comparação com 2010 era muito alta, com expansão de 9,2%. Além disso, a expansão do crédito acentuado em 2010 reduziu o volume de aquisições para este ano, segundo o diretor de estudos econômicos do Ipece, Adriano Sarquis. “Há um esgotamento da capacidade de endividamento das pessoas, especialmente a classe média, o que reflete no comércio e na indústria”. Para o coordenador da unidade de pesquisas do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi) da Federação das Indústrias do Estado (Fiec), Pedro Jorge Viana, houve uma combinação de fatores que desaceleraram a economia, como a desvalorização do real e a taxa de juros elevada. No setor de serviços, houve expansão de 5,4% no primeiro trimestre, contra 8,5% apresentado no mesmo período do ano passado.

O destaque foi para o setor comercial com 10,5% de crescimento. Nacionalmente, o percentual foi de 5,5%. “O comércio é a principal atividade que move os serviços cearenses. Nos últimos dois, três anos já vem crescendo em patamares superiores ao nacional”, destacou o analista de políticas públicas do Ipece, Alexsandre Lira.

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